Ninguém lembra do que não conecta.

Ninguém lembra do que não conecta.

Nada chega ao intelecto sem que antes nos passe pelos sentidos. O que Aristóteles nos ensinou sobre poesia em 335 a.C é tão verdade em 2025 quanto foi na era helenística. Quem de nós não quer se comover com a arte? E quem de nós já não se frustrou ao não conseguir se conectar com um filme ou outra obra? A verdade é que nós somos inevitavelmente atraídos por sentimentos. A humanidade, como um todo, busca sentir. Sejam prazeres ou tristezas, o sentimento é como nos conectamos com o mundo, então é como nos conectamos com a arte.

Mas e a arte que não conecta? O que falta nela? Na maioria das vezes, falta reconhecimento. Em Arte Poética, Aristóteles defendeu que a catarse é consequência da mímesis. Ou seja, só podemos nos comover com aquilo que nos é familiar. Para ele, a mímesis se trata de uma realidade melhorada, não no sentido de criar um mundo utópico, mas no sentido de apresentar sentimentos reais de modo espetacular. O espetáculo é como um catalisador para todos esses sentimentos familiares que nos fazem ficar de olhos grudados na tela até o filme acabar. E quando o espetáculo encontra o sentimento certo dentro de nós, ele triunfa, traduzindo em cena nossas dores e alegrias. Pura catarse.

Por isso, o maior desafio de qualquer artista comunicador é encontrar de que forma pode se identificar com seu público. Justamente neste ponto muitos se perdem, porque o fato é que simplesmente não dá para falar com todo mundo. É preciso definir quais são as dores e alegrias que você quer despertar e encarar a realidade de que nem todo mundo vai se identificar com o que foi posto à mesa. E isso é uma coisa boa! Se você tenta falar com todo mundo, acaba não comovendo ninguém, justamente por não se aprofundar em nenhuma dor, alegria ou desejo. E, acredite, é melhor causar um impacto real em meia dúzia de pessoas do que passar batido por centenas.

No fim, a arte tem diversos objetivos, e gerar apatia pode até ser um deles (Uma coisa mais à vanguarda, né?). Mas, mesmo assim, as pessoas se lembram muito mais de como um filme fez elas se sentirem, do que das informações recebidas ali. Então, faça o que fizer, o espetáculo não vale de nada se não comover o público com quem você quer conversar. Afinal, antes mesmo da existência do cinema, Aristóteles já tinha dito: Nada chega ao intelecto sem que antes nos passe pelos sentidos.

 

Luiza Lopes


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